Este trabalho explora as intersecções entre o giro decolonial e a genealogia nietzschiana, analisando como ambos os paradigmas contribuem para a desconstrução de padrões axiológicos e epistemológicos do cristianismo europeu. O giro decolonial, entendido como uma ferramenta epistemológica de insubordinação aos modelos ontológicos impostos por culturas hegemônicas, converge com a abordagem genealógica de Nietzsche, que investiga as origens históricas e os impactos universais dos valores cristãos. Nietzsche observa que o cristianismo não inaugura uma moral nova, mas perpetua um "instinto judaico" (judischer Instinkt), que transformou o conceito de Javé, do Antigo Testamento, no Deus universalizado do Novo Testamento. Essa universalização é analisada como um processo de "colonização do ser", central também à crítica decolonial. Enquanto Nietzsche denuncia o cristianismo como uma força que reprimiu a vitalidade humana em favor de uma moral de rebanho, o giro decolonial questiona como essa moral foi instrumentalizada para legitimar a colonialidade e suprimir epistemologias e ontologias não ocidentais. A genealogia nietzschiana, ao desvelar os fundamentos históricos e ideológicos do cristianismo, oferece uma ferramenta crítica para o giro decolonial. Essa convergência permite investigar e desafiar os alicerces do cristianismo como ideologia universalizante, contribuindo para a construção de novas ontologias e epistemologias. Este estudo, ao conectar filosofia europeia e crítica decolonial, apresenta uma proposta de inovação da compreensão dos legados da colonialidade.
Palavras-chave: Nietzsche; Giro Decolonial; Genealogia; Cristianismo; Colonialidade;
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